Presidente da ADUFPA 85-89 critica Regina Feio

Em manifestação publicada do site do candidato Maneschy www.maneschyreitor.net o Professor Flávio Nassar critica a posição da candidata Regina Feio que falou de perseguição política ocorrida durante a administração Seixas Lourenço.

Recordando 1985: O protesto chegou atrasado

Hoje, 26 de novembro de 2008, no debate entre os candidatos a reitor no auditório do Instituto de Ciências da Saúde, a Profa. Regina Feio falou de perseguição política aos professores da Saúde ocorrida durante a administração Seixas Lourenço, na tentativa de demonizar o Prof. Horacio Schneider.
Como protagonista daquele momento, tenho o dever de prestar o seguinte esclarecimento:
É um equívoco tentar atribuir os problemas havidos com o Centro de Saúde na administração Seixas Lourenço unicamente ao então Pro-reitor de Planejamento, Prof. Horacio Schneider.
A administraçao Seixas Lourenço deu força política ao Conselho de Administração Superior (CAS) e as decisões passaram a ser colegiadas, portanto, de responsabilidade de toda a administração superior da UFPA.
Baseada em uma interpretação que depois se demonstrou equivocada, a administração superior da UFPA entendia que os professores da área da Saúde não podiam acumular cargos no serviço público e iniciou um procedimento para que eles fizessem a opção por um ou por outro. O objetivo era aumentar a carga horária de dedicação dos professores às atividades na UFPA.
Na época, a diretoria da Associação dos Docentes da UFPA - ADUFPA discordou da maneira como essa discussão foi conduzida. Como presidente da entidade sindical cumpri meu dever de defender os interesses de nossos associados e o fiz com afinco e coragem.
Foram muitas as assembléias, debates e reuniões com os professores da Saúde, até que se deliberou por uma greve no Centro.
A diretoria da ADUFPA foi a única que ficou do lado dos professores da Saúde. Na ocasião, a professora Jane Beltrão, hoje apoiadora de Regina, propôs em uma assembléia convocada à revelia dos estatutos, que o presidente da ADUFPA não mais se manifestasse em público a favor daqueles professores.
Não me lembro de ter visto a professora Regina defendendo seus colegas.
Era diretor do Centro do Filosofia e Ciências Humanas o Professor Alex Fiúza de Melo, que tem o direito de apoiar a Prof. Regina, desde que não use o cargo para tal. Ele também nunca se manifestou contra aquele procedimento.
Era representante da ANDES- Sindicato Nacional no Pará a Professora Zélia Amador de Deus, hoje apoiadora da candidatura oficial. Ela comparecia às reuniões para se solidarizar com o Reitor, não com os sindicalizados.
Era pro-reitora de Ensino de Seixas Lourenço, que fora indicado com o apoio do PFL do ex-Governador Alacid Nunes, a professora Ana Tancredi. Dela também não tivemos solidariedade.
O DCE e o SINTUFPA também aplaudiam Seixas Lourenço, que foi indicado, com o apoio do Prof. Alex, para implantar a UFOPA.
A situação só foi resolvida depois que apresentamos um parecer do então advogado, hoje ministro do Supremo, Eros Roberto Grau, que, de maneira cabal e definitiva, desmontou os argumentos da Reitoria: "o professor, o médico e o juiz, não apenas podem acumular cargos no serviço público, mas lhes é assegurado esse direito".
O procurador geral da UFPA daquela época publicou um artigo no jornal justificando "As razões do Reitor" e a Adminitração Superior recuou de sua posição.
Faço isto mais como um exercicio de memória, com a ajuda de meus arquivos, é claro, mas não acho que seja relevante, quase 25 anos depois, para a discussão do projeto da UFPA 2009-2013. A maioria das pessoas por mim citadas são dignas e têm uma folha de serviços prestados à instituição e pouco importa de que lado estavam em 1985. Se mudaram, quem não mudou? Se alguém não mudou, alguma coisa, ou muita, nestes 25 anos é um caso de estudo.
Usar esse tipo de argumento amesquinha o debate e parece populismo eleitoral.