Fernando Arthur e os dilemas universitários

Universidade em exame

Estar na universidade é fonte de animo e responsabilidade, por isso reconhecemos em nosso quotidiano o compromisso com a vida a promoção humana e a natureza. Produzimos saber, conhecimento e ciência com o fim de explicar, compreender e oferecer alternativas para as satisfazer as muitas perguntar que oprimem nossas condições materiais e espirituais. A comunidade universitária, embora não só esta, constitui um patrimônio expressivo para articular a formação crítica na elaboração de conhecimento e na proposição de políticas de ciência, tecnologia, planejamento e desenvolvimento nas diferentes áreas. O mundo não começou conosco, a história da universidade é quase milenar, e estamos inscritos nela; nossa opção pelo regime democrático está presente desde as lutas contra a ditadura, na sustentação do caráter público e gratuito desta Ufpa à semelhança de outras. Embora com trajetórias diferentes, estamos prontos a construir um projeto presente capaz de aglutinar capacidade criativa dentro do esforço institucional instalado com o objetivo de ampliá-lo.
Outro mundo é possível quando confirmamos o sentido de uma reflexão sobre o paradigma de conhecimento até então vigente, dispondo-nos a uma avaliação efetiva da qualidade e da intervenção promovida por nós neste espaço de trabalho. Participamos de muitos processos, a pluralidade nem sempre tem tido uma chance ativa, devemos superar os proselitismos e aprofundar as potencialidades dos recursos do REUNI, sobretudo devemos confiar na geração de um plano de desenvolvimento a aliar a confecção de saber à crítica. Esse é o desafio. A herança da gestão atual e seus feitos é produto da maioria da comunidade universitária, é a ratificação do compromisso com a universidade enraizada na Amazônia precisando conferir cadeias de conhecimento produtivo, de modo a perseverar no caminho de atualização da graduação em desenhos curriculares integrados às necessidades abundantes da sociedade informacional, servindo de esteio à captação desses talentos na pós-graduação, e na construção de estratégias de intervenção na região.
Quando aumentados os programas e projetos de ensino, pesquisa e extensão e a gestão do patrimônio e pessoas queremos que seja considerada a contribuição democrática compartilhada responsavelmente na sua condução, na expectativa de alcançarmos maior sinergia nos processos. Pesquisa, formação e extensão, matéria-prima e razão de ser da universidade precisam de capilaridade para poder demonstrar a eficácia das suas metodologias, processos e produtos tanto para o estado como para sociedade civil, sempre imbuído de um espírito de avaliação.
Participar das redes de C&T em nível local até internacional deve ter o fito de alcançar eficiência nos diversos campos de conhecimento. O convívio com a diferença deve ser exaltado e prestado a devida tolerância para avançarmos na construção de campos de saber mais fundados em problemas do que as formas pedagógicas tradicionais.
Requeiro o estabelecimento de formas efetivas de transparência e controle social sobre a gestão além dos existentes com o objetivo de demonstrarmos à sociedade a relevância e como são feitos os gastos dos recursos públicos sobre nossa guarda.
Apresento como inovação a criação de uma câmara de controle social formada pelos representantes da sociedade civil, para debater e observar o acompanhamento do Plano de Desenvolvimento Institucional e a prestação de contas da realização do mesmo durante o ano. Com efeito, espero ter neste instrumento, sem perder a autonomia da universidade, a possibilidade de corrigir rotas e/ou confirmá-las no convívio com a sociedade civil. Se há uma recuperação sensível como investimento na universidade pelo governo federal, temos a obrigação de valorizá-lo com o incremento de nossa ação para alargar a produção e a intervenção de conhecimento feito na UFPA.
Advogo por fim um regime de fomento para universidade na Amazônia considerando as condições aqui encontradas, sob pena de querer tratar desiguais como equivalentes, desconhecendo as reais possibilidades de criarmos um celeiro de saber e conhecimento a ser utilizado pela sociedade.
Prof. Fernando Arthur de Freitas Neves
Faculdade de História da UFPA