Mais uma greve ameça o governo: trabalhadores da Cosanpa podem parar dia 10/06

Greve por tempo indeterminado. É esta a resposta dos trabalhadores e trabalhadoras da Cosanpa à proposta feita pela empresa, que ofereceu apenas 3% de reajuste a salários e tíquete-alimentação. A decisão foi tomada na última terça-feira (3/06) nas assembléias realizadas em Belém e nas unidades da empresa no interior do Estado. A decisão da categoria é deflagrar a greve por tempo indeterminado a partir do dia 10/06.

“Durante as assembléias os trabalhadores demonstraram grande insatisfação com a postura da Cosanpa nesta data-base. Uma empresa que mantém cerca de 120 comissionados recebendo salários que variam entre R$ 1.000,00 e R$ 4.800,00 não tem moral para vir choramingar na mesa de negociação, oferecendo mixaria alegando que está em dificuldades financeiras”, argumenta Ronaldo Romeiro, presidente do Sindicato dos Urbanitários do Pará. A data-base dos trabalhadores da Cosanpa é 1º de maio.

Os trabalhadores da Cosanpa reivindicam 4,70%, conforme Índice de Custo de Vida (ICV), calculado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de maio do ano passado a abril deste ano, além de ganho real de 5%. A proposta de 3%, apresentada durante a oitava rodada de negociação, realizada no dia 29/05, foi rejeitada imediatamente pelos sindicalistas. “No ano passado conseguimos reajuste e aumento real, não aceitaremos retrocesso”, conta Romeiro.

A proposta da empresa nega reajuste às demais cláusulas econômicas, como anuênio, adicional de penosidade, seguro de vida, reembolso creche/ensino fundamental, auxílio-educação e piso salarial. “A empresa ainda quer excluir itens e cláusulas do acordo atual, como o ganho de resultado”, informa o sindicalista. O Sindicato diz ainda que está aberto às negociações e aguarda uma posição da empresa até a data decidida em assembléia para o início da greve. “Não fechamos os canais de negociação. Depende da empresa marcar nova reunião”, diz Romeiro.

Sucateamento – O Sindicato dos Urbanitários do Pará denuncia o uso político da empresa e a precarização à qual está sendo submetida. Segundo a denúncia, nos últimos anos, a Cosanpa foi submetida a um processo de sucateamento. “Equipamentos foram deteriorados, peças deixaram de ser repostas, o quadro de pessoal foi reduzido em cerca de 700 trabalhadores nos últimos dez anos”.

Para o Sindicato, esse quadro reflete o déficit de arrecadação atual. “A empresa precisa de R$ 14 milhões mensais para dar conta de suas despesas. Mas a arrecadação é de aproximadamente R$ 9 milhões, precisando portanto do aporte dado pelo governo de cerca de R$ 6 milhões hoje”, informa o dirigente. “Cabe a pergunta, de quem é a culpa por essa situação caótica? Com certeza não é dos trabalhadores. Esses sempre trabalharam duro para dar conta da missão da Cosanpa. E conseguem fazer isso em condições precárias de trabalho, a peso de improvisos e de boa vontade”, assegura.

Conselhos – Para os sindicalistas, a precariedade está ligada à forma de gerir a empresa, “que não pode ser administrada somente sob a ótica da política. Precisamos ter os interesses dos trabalhadores, da população e da própria empresa resguardados”, avalia. “Por isso a luta também abrange nossa participação nos conselhos de administração e fiscal da empresa”, reivindica.

Os urbanitários da Cosanpa se dizem discriminados em relação aos demais trabalhadores da máquina estatal. “O governo do Estado divulgou que todos os servidores, inclusive da administração indireta, estariam recebendo reajuste com aumento real - os percentuais variam entre 6,5% e 10,71%. Os empregados da Cosanpa também merecem aumento real. Ou será que a Cosanpa só é incluída na máquina estatal na hora de fazer propaganda do Água para Todos e do PAC?”, questiona Romeiro.

Fonte: Assessoria de Imprensa do Sindicato dos Urbanitários do Pará