Executiva do PDT vai cobrar explicações de Paulinho

No Estadão

BRASÍLIA - Depois de duas semanas com o nome do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, citado como suspeito de envolvimento no esquema de desvio de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Executiva Nacional do PDT vai se reunir extraordinariamente na próxima terça-feira para cobrar explicações. "São notícias graves e precisam ser esclarecidas. É preciso saber se ele está realmente sendo investigado, quais são as denúncias e lhe dar o direito de defesa", disse o presidente do PDT e líder da bancada na Câmara, deputado Vieira da Cunha (RS).

O presidente do PDT disse que o partido segue os princípios da ética e da probidade e esse fato incomoda a legenda. "É extremamente constrangedor para o partido". Vieira da Cunha, no entanto, disse que Paulinho merece a confiança do PDT e que partiu do próprio deputado a iniciativa de convocar a reunião da Executiva com a participação das bancadas da Câmara e do Senado. Na quarta-feira, os senadores Osmar Dias (PDT-PR) e Jefferson Péres (AM), líder da bancada no Senado, manifestaram a preocupação de as denúncias desgastarem politicamente o partido e pediram explicações de Paulinho. "Todos nós queremos esse assunto esclarecido. O principal interessado em tornar clara a situação é o próprio Paulo Pereira da Silva", disse Vieira da Cunha.

Investigações da Polícia Federal levantam suspeitas da ação de Paulinho em esquema de desvio de recursos públicos a partir de financiamentos concedidos pelo BNDES. A operação Santa Tereza prendeu João Pedro de Moura, ex-assessor de Paulinho e ex-conselheiro do BNDES que chegou ao cargo por indicação do deputado do PDT.

Corregedoria

Em ano eleitoral e em meio à montagem de alianças políticas nos municípios, a reação da Câmara ao episódio foi fria. O corregedor da Casa, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), disse que o órgão só vai agir para investigar o caso se houver pedido formal para isso. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), considera a situação ainda confusa para tomar alguma providência. O PSOL, partido que tem tomado iniciativas em defesa da ética e das apurações de denúncias supostamente envolvendo parlamentares, também aguarda evidências mais concretas para avaliar se entrará ou não com representação contra o deputado no Conselho de Ética.

A líder da bancada do PSOL na Câmara, deputada Luciana Genro (RS), lembrou que a experiência em casos anteriores tem desestimulado as ações contra deputados no colegiado. "A composição do conselho é, no mínimo, complicada. Em outras ocasiões, o conselho tem absolvido os deputados, que usam esse resultado como um atestado de idoneidade. Não queremos correr o risco com esse tipo de situação. Nós queremos coisas mais concretas para constranger o Conselho de Ética a abrir processo", disse Luciana Genro.