Sucessão de 2010: os dilemas de Jáder

Os internautas vêm solicitando uma análise sobre uma possível candidatura de Jáder ao governo do estado. Não farei uma análise exaustiva, falta tempo, mas darei algumas dicas dos caminhos que Jáder poderá percorrer em 2010:

1- Jáder é o político paraense com maior notoriedade pessoal. Notoriedade significa em política ser super conhecido da opinião pública e do povão em geral.

2- Jáder carrega consigo, de saída, uma rejeição de pelo menos 25% da população da região metropolitana de Belém. Ou seja, Jáder é muito conhecido, por isso é muito lembrado em qualquer pesquisa, mas ser conhecido não significa intenção de votos e nem que o mesmo terá votos na proporção em que é lembrado pelo povo.


3- Jáder provavelmente ainda será o deputado federal mais votado em qualquer eleição proporcional no Pará, não pelos seus projetos na Câmara, mas pelo fato de ter sido governador por duas vezes e jamais ter perdido um mandato ou ter deixado de ocupar um cargo público de relevância como ao tempo de Sarney, além de ser dono de uma máquina partidária, de um império de mídia e de recursos financeiros

4- Jáder deve estar enfrentando um grande dilema pessoal sobre a tática para 2010: Qual o cargo a disputar em 2010? Senado ou deputado federal? Numa escala de prioridades Jáder teria os seguintes desejos eleitorais : candidatura ao governo, ao senado e a deputado federal.

5- Candidatura ao governo, num contexto de enorme rejeição da governadora, nas intenções de votos, é tentador, mas Jáder sabe que só existe uma vaga ao governo, e dois blocos polarizam o estado e o país: o PT e o PSDB. O PT têm as máquinas federal e estadual e os tucanos têm os nomes com maior densidade na oposição, que é Serra no plano federal e Jatene no plano estadual. Portanto é uma opção de altíssimo risco, devido à rejeição que Jáder carrega nos grandes centros urbanos do estado.

6- A candidatura ao senado é uma decisão de grande risco, porque existe só duas vagas em disputa e mesmo com o apoio do governo estadual, a base petista não faz campanha para Jáder, e pelo contrário, ainda o rejeita com veemência. Portanto contar com o apoio do PT é uma decisão muito arriscada, e todos já conhecem a capacidade do núcleo de governo em cumprir acordos no cotidiano da administração estadual, maior seria o risco em confiar parte de sua perspectiva de eleição na palavra dos negociadores de Ana Júlia. Seria uma decisão quase suicida.

7- Portanto a melhor decisão para Jáder é a candidatura a deputado federal, porque não dependeria de nenhum aliado. Mas Jáder quer ser senador, daí a enorme artilharia contra Dudu, via Diário do Pará. Jáder está num dilema porque não confia no PT. E deveria confiar?

8- Jáder não teria nenhum peso na consciência em apoiar o PSDB, mas aí neste caso é a variável federal é quem pesa na balança. Seria fácil derrotar Ana coligado com os tucanos, mas o PMDB paraense jamais ficou sem a máquina federal, desde o governo Sarney, FHC e Lula. Se Jáder tivesse uma bola de cristal e tivesse certeza de que Serra venceria as eleições de 2010, Jáder já teria chutado o governo Ana e pulado para a aliança com os tucanos. Mas a política é imprevisível.

9- A grande questão que mataria toda esta charada é : o governo Ana Júlia, mesmo coligado eleitoralmente ainda tem potencial eleitoral? O que sinto pelas ruas, entre estratos sociais, entre personalidades é que os marqueteiros de Ana terão uma tarefa nada fácil em derrubar a rejeição que o nome de Ana está carregando neste momento. O PMDB também sofre entre o pragmatismo que o manda abandonar Ana e a incerteza quanto à capacidade de auto-regeneração da candidata Ana Júlia.