PT-BH aprova aliança com candidato preferido de Aécio para prefeitura

Na Folha

Em votação realizada neste domingo, os filiados do PT de Belo Horizonte (MG) aprovaram a chapa que defende a candidatura de uma sigla supostamente neutra para as eleições municipais de 2008, mas que, indiretamente, sela aliança com o governador Aécio Neves (PSDB) e o atual prefeito de Belo Horizonte, Paulo Pimentel (PT).

Isso ocorre porque o nome mais cotado para assumir a vaga de candidato é o atual secretário de Desenvolvimento Econômico do governo de Minas, Márcio Lacerda (PSB), preferido dos dois dirigentes.

Dos 2.453 militantes que compareceram aos nove pontos de votação, 2.424 (85%) escolheram a chapa 2 - "PT-BH pelo entendimento", e outros 15% (353) optaram pela chapa 1 - "Prefeito é do PT, sem tucanos".

A decisão dos militantes deverá ser referendada no encontro municipal da sigla, no próximo domingo (6). Isso poderá ocorrer pois a escolha dos delegados votantes é proporcional ao número de militantes que deram maioria ao entendimento. Dos 435 delegados que devem votar no próximo domingo, 348 (85%) serão da chapa favorável à aliança e outros 87 serão da ala derrotada, que sugere uma composição "puro-sangue". Para ser homologada, entretanto, a decisão precisa ainda do aval da direção nacional da sigla.

Aparte

A decisão do PT de Belo Horizonte em âmbito municipal não é consenso e tem como contrário nomes de peso, entre eles dois ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um documento enviado pelo boletim eletrônico do deputado estadual André Quintão, informa que "houve resistência ao diálogo por parte do grupo que vem conduzindo o processo de aliança com o PSDB".

"Uma aliança pressupõe um acordo sobre metas e prioridades de governo. Mas o que tivemos foi a apresentação de candidatos, sem aprofundamento do debate", informa o texto.

Entre os descontentes, segundo o deputado, estão nomes como o dos ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Luiz Dulci (Secretaria Geral), o presidente do PT Estadual, deputado Reginaldo Lopes, e parte da bancada federal e os vereadores Carlão Pereira e Arnaldo Godoy.

O grupo, de acordo com o documento, defende que o PT deveria apresentar um programa de governo e nomes para encabeçar a chapa.

O presidente municipal da sigla, Aluísio Marques, avaliou como "legítima" a manifestação dos integrantes do partido. Entretanto, ele defende que o processo foi democrático e rejeita a citação de que houve resistência ao diálogo. "A prefeitura e o governo [do Estado] já vem há muito tempo com esse entendimento. O resultado de hoje só coroa esse entendimento", afirma.