Segundo turno no Pará: novo confronto entre a máquina partidária e de governo e a opinião pública

Venho dizendo há 12 meses que esta eleição é um excelente laboratório para os estudiosos do controle democrático ou oligárquico do voto no Pará e na região norte. Sabemos que o governo Ana Júlia conta com a máquina federal, estadual e com a poderosa máquina petista, que é disciplinada e organizada.

A teoria política diz que temos duas eleições no Brasil, completamente diferentes: a majoritária (presidente, governador, senador e prefeito), onde o eleitorado é super-responsável em sua decisão eleitoral, e a eleição proporcional (deputados e vereadores), onde o eleitorado é pouco responsável e dá seu voto de qualquer maneira ( por amizade, em troca de bens materiais imediatos e até em troca do "boca de urna", o famoso trintão).

Há 36 meses que a rejeição de Ana Júlia só faz crescer, chegando há seis meses do pleito com 52% de rejeição estadual. Então eu me questionava: quem decidirá este pleito: a máquina e o Porbarrel ou a opinião sobre o governo consolidada há 36 meses?

No primeiro turno venceu nas urnas a opinião pública anti-Ana Júlia, expressa nas pesquisas. Não adiantou as máquinas estadual, federal, partidária e nem o apoio explícito de Lula. Neste segundo turno estamos novamente de olho no comportamento eleitoral paraense. Caso Ana seja derrotada teremos uma prova inquestionável de que o eleitorado do Pará, em eleições majoritárias, decide seu voto com base em avaliação do governo de plantão e não aceita a chantagem das máquinas a serviço de governo.

Caso a opinião pública triunfe sobre as máquinas de governo e partidária estaremos diante de um eleitorado criterioso frente as disputas de governo. O que seria muito bom para a democracia.

O governo de Ana no Pará, nestes 4 anos foi uma decepção. É um governo com obras importantes, principalmente aquelas em inauguração em vésperas das eleições, mas falhou gravemente nas áreas essenciais que atendem ao povo no dia a dia, como: saúde nos grande hospitais, qualidade da educação, combate à violência e melhoria das respostas nas delegacias de polícia, negação prática da participação popular na formulação e controle de políticas públicas. E de forma desastrosa falhou na comunicação política e no marketing das ações de governo.