OEA diz que diálogo em Honduras para destravar crise é possível

WASHINGTON - Representantes do governo de facto de Honduras e do presidente deposto Manuel Zelaya poderiam se sentar para negociar na próxima semana, durante a visita de uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA), disse nesta quarta-feira um enviado do organismo.
O governo de facto convidou esta semana uma missão da OEA a visitar o país na próxima quarta-feira, dia 7 de outubro, e nesta sexta-feira autorizaria o ingresso de uma missão para preparar a visita, que em princípio foi proibida para evitar "interferências externas".
"Encontrei muito boa vontade de ambas as partes para se sentarem para um diálogo real", disse nesta quarta-feira a jornalistas John Biehl, assessor do secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza.
"Os chanceleres chegarão no dia 7 e a ideia é respaldar o que será um diálogo para encontrar uma solução pacífica, vontade que encontramos desta vez muito mais firme dos dois lados e, provavelmente, o diálogo se iniciará quando os chanceleres chegarem", acrescentou.
A OEA exige a restituição do presidente deposto, que foi expulso de sua casa em 28 de junho. Mas o presidente no poder, Roberto Micheletti, tem dito que isso é impossível.
Uma proposta do presidente da Costa Rica, Óscar Arias, sobre a volta ao poder de Zelaya fracassou no passado depois de várias rodadas de negociações diante da intransigência das partes em suas posturas.
Biehl disse que nem Micheletti nem Zelaya participarão das conversações, mas que espera que nomeiem seus "melhores representantes".
Empresários de Honduras que apoiaram o golpe militar propuseram na terça-feira a restituição de Zelaya, mas sem autoridade e em prisão domiciliar, como saída para a crise.
A proposta do presidente da Associação Nacional de Industriários, Adolfo Facussé, atende a expectativa da comunidade internacional de restituir Zelaya, ainda que só simbolicamente.

Miguel Angel Gutiérrez, REUTERS