Miséria diminui no Brasil e aumenta no Rio

RIO - A taxa de evolução da pobreza do Rio de Janeiro aumentou 89,11% nos últimos três mandatos municipais. O índice carioca foi o que mais cresceu no país, segundo estudo do Centro de Políticas Sociais (CPS) da Fundação Getúlio Vargas, que usou como linha de pobreza o cálculo internacional, de US$ 1 por dia. O índice, que era de 3,50% entre 1997 e 1999, saltou para 6,61%. No mesmo período, houve queda no país (de 7,76% para 4,80%) e nas 27 capitais pesquisadas: de 4,66% para 4,14%. O resultado coloca a agora também cidade olímpica – e também uma das sedes da Copa do Mundo de 2014 – na berlinda para reagir nos indicadores sócio-econômicos nos próximos anos. Na mesma pesquisa, usando como base o parâmetro de Classe E da FGV – segmento dos que ganham menos de R$ 137 por mês - a cidade fluminense também não melhora muito: ocupa a 16ª posição entre as 27 capitais estaduais.
A pesquisa “Performance social das 27 capitais federais entre mandatos de prefeitos” analisou três períodos, de acordo com microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad/IBGE): de 1997 a 1999 – no ano 2000 não foi realizada Pnad; de 2001 a 2004; e 2005 a 2008.
– O Rio hoje é mais desigual do que o Brasil. Durante os três últimos mandatos de prefeitos, tivemos a maior queda. Qualquer quesito, do comércio inclusive, mostra que o Rio está descendo a ladeira nos últimos 10 anos. A Olimpíada representa uma oportunidade, um horizonte e um objetivo para a gente – afirma o economista responsável pela pesquisa, Marcelo Neri, da FGV. – Tivemos um efeito de 2007, quando a renda média do estado caiu 5,8% para 2008.
Para Luiz Mário Banken, coordenador do Fórum Municipal do Orçamento, os índices negativos, principalmente com relação à pobreza se deve à “orientação política dos governos Cesar Maia e Luiz Paulo Conde, favoráveis ao aumento da desigualdade”.
– Os gastos favoreceram a concentração de renda. Os gastos com o (estádio) Engenhão, no Pan, foram dinheiro público que só favoreceram o Botafogo e as empreiteiras. É dinheiro da população destinado a poucas pessoas. O mesmo vale para os gastos na urbanização da Vila Pan-Americana e na Cidade da Música – criticou.
O estudo aponta outro desempenho negativo carioca: enquanto o país teve queda de 16% na proporção de renda per capita nula, no período estudado, a cidade aumentou em mais de 100% o número de trabalhadores sem rendimento, atingindo 6,42% e liderando o ranking de 27 capitais.
Procurado por e-mail pelo Jornal do Brasil, Cesar Maia não respondeu até o fechamento desta edição.

Raphael Zarko, Jornal do Brasil