Forças federais destroem 112 fornos de carvão em Tailândia

Na Folha

As forças federais que atuam na operação Arco de Fogo, de combate à extração e venda clandestina de madeira na Amazônia Legal, destruíram hoje mais 112 fornos de carvão que funcionavam em 20 localidades da zona rural de Tailândia (a 218 km de Belém, PA).

Na mesma operação, que segundo o governo se estenderá aos 36 municípios amazônicos que mais devastaram florestas no segundo semestre de 2007, foram encontrados ainda outros 60 fornos destruídos pelos próprios carvoeiros. Eles já haviam sido notificados sobre a prática irregular e preferiram abandonar a atividade antes da chegada dos policiais.

Desde o início da fiscalização federal, no dia 26 de fevereiro, 317 fornos foram destruídos pelas forças federais. Juntos, eles poderiam transformar em carvão aproximadamente 7.600 árvores de médio porte por mês, quantidade suficiente para lotar 542 caminhões.

A fiscalização na Amazônia, que não tem prazo para acabar, começou por Tailândia devido ao confronto que envolveu policiais militares e cerca de mil moradores contrários à ação, no dia 19 de fevereiro. Os manifestantes bloquearam com fogo os acessos à cidade e depredaram repartições públicas.

Até hoje, cinco madeireiras da cidade haviam sido interditadas e aplicadas multas num total de R$ 1,8 milhão. Os fiscais já encontraram cerca de 5.000 toras extraídas ilegalmente e apreenderam dois caminhões carregados com carvão, além de tratores e motosserras.

Os fornos destruídos hoje funcionavam em pequenas glebas localizadas às margens de uma estrada vicinal de acesso ao rio Moju. Por meio de balsas, parte da madeira e do carvão ilegal produzido no local era retirada para abastecer o mercado clandestino.

Segundo os carvoeiros, a madeira queimada era vendida a intermediários por R$ 40 o metro cúbico. O produto, disseram eles, tinha como destino final siderúrgicas do Estado, que pagariam cerca de R$ 110 pela mesma quantidade.

Cerca de 40 homens da Polícia Federal, Força Nacional de Segurança e fiscais do Ibama fizeram a operação. Ninguém foi preso, mas os policiais ouviram reclamações, choro e pedidos de prazo para que o carvão pudesse ser aproveitado.

Os fiscais argumentavam com os carvoeiros que a destruição dos fornos era necessária porque, mais tarde, seus filhos sentiriam falta da natureza destruída pelos pais.

"Eles vão sentir falta é agora, de comida", disse agricultor baiano Luiz Macedo, 38, dono de cinco fornos destruídos. "Eu vivo do meio ambiente, dependo dele", afirmou. "O que vou fazer agora? Quero ver se o governo vai mandar comida para a gente", declarou.