O Filme sobre Lula e a sucessão presidencial

Querem acompanhar um debate acirrado acerca desta questão? então acesse a revista eletrônica de ciência política da UFMG, em www.opiniaopublica.ufmg.br/emdebate.php

Esta revista vem trazendo artigos de diversos cientistas políticos, inclusive de três paraenses, eu, Bob Corrêa e Carlos Augusto.


Em Debate / Janeiro 2010

Por Mara Teles (UFMG)

O impacto do filme “Lu la, o filho do Brasil” na eleição presidencial de 2010 é o tema da sessão temática do EM DEBATE de janeiro. A cinebiografia do presidente da República, dirigida por Fábio Barreto, é analisada em seis ensaios, incluindo o texto do ling�?ista Bruno Dallari, que ganha nova edição no Opinião deste mês.



Dallari apresenta os possíveis efeitos colaterais que a mitificação do presidente Lula pode trazer para a candidatura da ministra Dilma Rousseff. O autor também analisa a influência do filme “Lula, o filho do Brasil” em diferentes clivagens do eleitorado.



Já o cientista político Edir Veiga inicia sua argumentação tratando da transferência de votos: segundo o autor, o histórico eleitoral brasileiro não é positivo para Lula, afinal, nunca um presidente brasileiro conseguiu eleger seu sucessor. Ele aponta ainda que as chances de êxito da pré-candidata governista, Dilma Rousseff, dependem mais da percepção popular acerca de

suas estratégias eleitorais e de seu desempenho no Horário Eleitoral do que da mitificação do presidente.



Ao contrário de Edir Veiga, que defende a insignificância da obra de Fábio Barreto para a sucessão presidencial deste ano, Roberto Corrêa destaca o impacto do filme na decisão do voto, principalmente entre os mais pobres e com menor grau de instrução, ou seja, entre aqueles que têm uma história de vida semelhante à do presidente.



É também a proximidade entre a narrativa retratada na película e o cotidiano de uma parcela de seus espectadores que vai garantir o impacto emocional da obra, segundo o sociólogo Rudá Ricci. Por sua vez, o autor associa diretamente o efeito das políticas públicas desenvolvidas pelo governo Lula com a leitura que os espectadores fazem do filme. Em seu artigo, ele defende que a superação da pobreza pela nova classe média, durante a atual gestão, representa o ponto de encontro dessa parcela do povo brasileiro com a história do retirante que vence as adversidades e chega à presidência.



Já o cientista político Carlos Augusto Souza afirma que a identificação dos pobres com a trajetória do presidente Lula não seria capaz de determinar o comportamento do eleitor, enquadrando a aceitação de tal possibilidade à adesão ao modelo sociológico de decisão do voto. O autor faz, dessa forma, um breve apanhado das principais vertentes teóricas que tratam do comportamento eleitoral e traz outras eleições para ajudar na análise da conjuntura política de 2010. Souza cita especificamente a situação do Chile,onde a presidente Michele Bachelet, mesmo contando com cerca de 80% de aprovação popular, não conseguiu transferir votos suficientes para eleger o candidato de sua coalizão, Eduardo Frei.



Na seção Opinião, a narrativa cinematográfica da vida de Lula divide espaço com artigo do sociólogo Claudio Penteado et al , que trata da importância de outro mídia nos processos eleitorais: a internet. Os autores analisam os sites dos principais candidatos a prefeito de São Paulo em 2008 para pensar o papel das novas tecnologias na ação política contemporânea.



Em Debate, Belo Horizonte, v.1, n.5, pp. 4-5, jan. 2010.