O "esquecimento" do dia da Pátria

Pátria significa a fusão entre a nacionalidade e o território. Esta energia subjetiva que liga as pessoas de um território entre sí formando um povo chama-se nação. Esta subjetividade é construida a partir da língua, religiões, história passada e presente, momentos felizes e infelizes, tradições culturais, esporte e literatura. Nosso país só atingiu este estágio no decorrer da guerra do Paraguai, segundo José Murilo de Carvalho, que é hoje o maior estudioso brasileiro do tema nacionalidade e cidadania.

Quando um povo atinge o estágio de nação, está construido um poderoso pressuposto contra propostas seccionistas, que significa a tentativa de partilha do território nacional, como foi tentado por S.Paulo durante a revolução constitucionalista de 1932.

Nos EUA o 4 de julho faz parte de uma política pública nacional. Aqui no Brasil, como os militares assumiram como "donos exclusivos" do patriotismo brasileiro durante a ditadura militar de 1964 os civis que lutaram pela redemocratização, esqueceram de retomar o patriotismo em moldes democráticos. O bebê foi jogado fora junto com a água suja.

Lembro que quando estudante do primeiro e segundo graus todos aprendiam o hino nacional, como uma prática cotidiana da escola. Hoje o 7 de setembro é sinônimo de feriado prolongado, os governos ainda não atentaram que a reconquista do sentimento patriótico é vital para manter um povo unido e crente na vida futura de seu país.

O dia da Pátria seria um período para reviver as glórias do passado, os sofrimentos das guerras e das catástrofes, relembrando o nossos mártires. Deveríamos fazer um profundo balanço de nossa cultura cívica, que anda mais predatória do qualquer outra coisa. É só vermos as escolas e prédios pichados, os bancos escolares destruidos, as praças públicas arrebentadas e o acesso restrito aos equipamentos de cidadania como à justiça, à saúde, ao emprego, à renda etc.

O período do dia da Pátria precisa ser reinventado no Brasil. Para o bem de nosso país.