Copom diz que é maior possibilidade de aumento da gasolina

EDUARDO CUCOLO
da Folha Online, em Brasília

O Banco Central continua prevendo que o preço da gasolina deve ficar inalterado em 2008, mas diz que aumentou a possibilidade que haja um reajuste por causa da disparada na cotação do petróleo.


"O cenário central de trabalho adotado pelo Copom prevê preços domésticos da gasolina inalterados em 2008, ainda que a probabilidade de se configurar um cenário alternativo venha aumentando", diz o BC por meio da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC).
A ata do Copom é divulgada na semana seguinte à reunião que decide os rumos da taxa básica de juros, a Selic. Na semana passada, o BC elevou os juros de 11,25% para 11,75%.
O BC diz também que, mesmo que o preço da gasolina não suba, a economia brasileira sofrerá com os efeitos da alta do petróleo sobre outros produtos, como na área petroquímica.
Segundo reportagem de hoje da Folha, após a decisão de elevar os juros em 0,5 ponto percentual, ficou aberto o caminho para uma rodada de reajuste do preço dos combustíveis no país. O último reajuste oficial da gasolina no país foi em 2005.
No mês passado, quando a cotação do barril do petróleo ainda estava por volta de US$ 110, o Banco Central avaliava que os preços da gasolina e do gás de cozinha (bujão) não sofrerão aumentos no decorrer do ano. Nesta terça-feira (22), no entanto, o barril chegou a atingir a marca recorde de US$ 119,90.
A gasolina representa quase 5% do IPCA, índice de inflação de referência para o governo.
Graõs
O Copom também cita a alta no preço das commodities no mercado internacional, especialmente dos grãos, como fator para gerar uma piora no cenário inflacionário no país.
Ontem, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que o aumento no preços dos alimentos é o principal problema mundial, o que deve ser agravado com a influência indireta da alta do petróleo nos insumos agrícolas. "A alta do petróleo tem impacto na inflação mundial e pode afetar indiretamente o Brasil. Ela entra nos custos dos alimentos, porque há derivados de petróleo que entram na agricultura", disse Mantega.
Outros reajustes
Também foram mantidas as projeções de reajuste zero para o gás de botijão e de aumento de 3,5% para as tarifas de telefonia. Por outro lado, foi reduzida a previsão de reajuste na conta de luz, que caiu de 1,1% para 0,1% em 2008.
Em relação ao índice de preços que serve como referência para o sistema de metas de inflação, o IPCA, o Copom cita que as projeções estão acima do centro da meta de 4,5%.