Ciro Gomes: "Eleição de Severino foi tentativa de golpe contra Lula"

Em O Globo

SÃO PAULO - O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) disse nesta terça-feira em São Paulo que a eleição do ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) para presidir a Câmara dos Deputados em 2005 foi uma tentativa de golpe contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- A eleição do Severino foi tentativa de golpe. Era para ele receber o pedido do impeachment. O Aécio Neves foi um dos que ajudou a impedir o golpe. Mas, antes disso, Severino aderiu ao Lula - analisou o deputado cearense, lembrando ainda que a oposição só percebeu que Severino "não era uma Brastemp" quando ele aderiu ao governo Lula.

Sem dizer sim ou não, ele deixou claro, durante sabatina promovida pela "Folha de S.Paulo", que poderá concorrer à sucessão de Lula em 2010, mas garantiu que ainda é cedo para discutir o assunto.

- Serei candidato se entender que é uma candidatura que servirá ao país. (....) Se for o meu destino, será uma honra.

Para Ciro, a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, não tem nenhuma responsabilidade com o dossiê, já que trabalha com seriedade, compostura e ética. Segundo ele, a responsabilidade pelo vazamento do dossiê dos gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

- Consta que quem vazou o dossiê à revista "Veja" foi o senador Álvaro Dias. Vazar é crime. Não sou eu que diz, é a lei. Ele nega. Pode negar. Mas tem muitas evidências contra ele.

Ciro contou também qual foi a origem de seu desentendimento com o atual governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

- Ele era o deputado de maior valor da bancada do PSDB e a bancada inteira não votava nele para líder. Aí ele me liga. Saio ligando, deputado por deputado, que me dizem: ele é sem escrúpulo, passa por cima da mãe, é arrogante. Os deputados que diziam, não eu. Fizemos ele líder da bancada pelo valor - contou, sobre a eleição da liderança da bancada.

Segundo Ciro, depois que Serra deu entrevista afirmando que o PSDB não apoiaria a revisão constitucional, defendida pelo então candidato a presidente Fernando Henrique, ele interveio e colocou o líder da bancada contra a parede:

- Disse pra ele: 'Ou você desdiz o que disse ou deixa a liderança'. Ele 'desdisse'. Mas nunca mais falou comigo.