Cúpula do PT dificulta aliança com PSDB

No Estadão

BRASÍLIA - Numa reviravolta de última hora, a cúpula do PT decidiu ontem apertar o cerco e dificultar a aliança do partido com o PSDB na eleição para a prefeitura de Belo Horizonte (MG), patrocinada pelo governador de Minas, Aécio Neves. Após quatro horas de discussões acirradas, o Diretório Nacional resolveu que coligações com partidos fora da base de apoio do governo Lula em capitais, cidades com mais de 200 mil eleitores e sedes de transmissão do horário eleitoral gratuito precisam, obrigatoriamente, passar pelo crivo da Executiva Nacional do PT.


Com o argumento de que o projeto político do PT é antagônico ao de tucanos e integrantes do DEM, devendo se confrontar ainda mais na eleição para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010, a cúpula petista endureceu o jogo. Agora, para que o casamento de papel passado com o PSDB e o DEM seja aprovado nas capitais, por exemplo, o acordo deverá seguir três etapas: aprovação da aliança no diretório municipal, na Executiva Estadual e na Executiva Nacional. Caso não seja referendada, a parceria será desfeita.


"Não há veto a priori, mas há um entendimento de que não existe aproximação programática entre o PT e o PSDB", afirmou o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). "O Diretório Nacional rejeitou a idéia de que há reciprocidade para 2010 com partidos que fazem oposição sem quartel ao governo Lula". Para Berzoini, é preciso deixar claro que as administrações de Lula e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) são diametralmente opostas.