No realismo político de Maquiavel, os fins (manter o poder a qualquer custo) justificam o uso de todos os meios. É a virtú. Mas ao tempo de Maquiavel, que é no início do século XVI, não estava inventado a democracia moderna. A política era subproduto da teologia. Contra Cícero, Maquiavel separa radicalmente moral e política.
Hoje, a democracia está inventada, as Instituições Políticas estão consolidadas, a sociedade não admite mais a ação política divorciada de pressupostos ético-morais.
Projetos generosos, como a busca por fins grandiosos: a equidade social, econômica e educacional, não admitem meios anti-éticos. Assim, modernamente, a sociedade não admite mais o vale tudo em política, assim comprovam as pesquisas de opinião pública que negam sistematicamente o vale tudo em política, e reprova os políticos desonestos.
Infelizmente o nosso sitema eleitoral e partidário, fundado no voto proporcional, lista aberta e financiamento privado das campanhas eleitorais têm como consequência direta e visível dois resultados deletérios: a variável econômica é a responsável pela eleição dos parlamentos e os governantes eleitos nascem manietados pelas grandes empreiteiras.
Gente como Suplicy e Pedro Simon são raríssimas exceções dentre os políticos brasileiros de projeção nacional.
Todo mundo vem "metendo" a mão na lama para se eleger. Mas, chefes de executivos, quando pego, normalmente são massacrados pelo eleitorado. É que nas eleições para executivo, só tem uma cadeira no município, no governo estadual e na Presidência da República, assim fica fácil para o eleitorado perceber os autores do vale tudo na política, e puni-los.
No Pará assistimos uma amostragem do vale tudo por parte da coligação oficial. É o uso absurdo da máquina administrativa, distribuição de bondades em forma de proventos, e o financiamente de um exército de formiguinhas, bandeirinhas e boca de urna. Além da obtenção nada ética de adesões neste segundo turno.
Fins generosos não admitem meio escusos. Este comportamento nada tem de revolucionário, tem, sim, de reacionário e conservador, como negação da projeção de um fazer político renovado que venha a regenerar a prática política contemporânea.