Ananindeua: o imobilismo das autoridades em relação aos interesses públicos

Digamos que eu sou um pesquisador interessado no tema da cidadania. Tenho até trabalho a este respeito. Atualmente estou tendo uma experiência absolutamente negativa em relação ao funcionamento das instituições públicas que mediam conflito na sociedade civil. No dia 19 de setembro, dois vizinhos de minha residência na Cidade Nova (Ananindeua) resolveram cercar uma passarela de uso público. Claro, o objetivo de meus vizinhos é aumentar a área construida de suas casas. O que por sí só já revela uma cultura cívica predatória.

No momento em que começava as obras irregulares, eu estava viajando e minha esposa foi imediatamente na delegacia informar do ocorrido à autoridade policial. O delegado informou que nada podia fazer e sugeriu que Martha fôsse à secretaria de saneamento. A Sesan de Ananin informou que só em 90 dias poderia fazer alguma coisa. Então por sugestão de um amigo delegado, muito famoso no estado, Martha foi à DIOE ( Delegacia de operações Especiais) que também media conflitos entre cidadãos.

Até hoje nada. Em certa medida esta não atuação dos aparelhos estatais na mediação de conflito explica o porque 80% dos homicídios de Belém não decorre de latrocínio, mas é resultado de diversas modalidades de violência, inclusive o acerto de contas entre vizinhos, devido inexistir uma eficácia da atuação do Estado (esfera municipal) na mediação dos conflitos cotidianos.

Agora vamos ao Ministério Público. Caso o Ministério Público silencie, vamos à corregedoria do MP. Por certo ao final deste episódio tenho material empírico para fazer um artigo científico sobre a ineficácia do aparelho de Estado na mediação dos conflitos cotidianos.