Negociações avançaram 60% em Honduras

RIO - Fontes ligadas às negociações que serão retomadas nesta terça-feira em Honduras disseram ao jornal local El Heraldo que 60% das questões colocadas em discussão entre representantes do presidente deposto, Manuel Zelaya, e do golpista, Roberto Micheletti, já estariam resolvidas. No entanto, a principal delas, a possível volta de Zelaya ao poder, continua sendo o ponto crucial de divergência. Ainda segundo o jornal, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, estaria planejando uma nova viagem a Honduras para este fim de semana.
– Avançamos em 60% da pauta – afirmou Vilma Morales, representante do presidente golpista, Roberto Micheletti.
– Concordo plenamente – afirmou Mayra Mejia, que representa o líder deposto, Manuel Zelaya, nas negociações.
Outro representante de Zelaya, Juan Barahona iniciou um movimento de boicote às eleições marcadas para 29 de novembro, caso o presidente deposto não reassuma o cargo até o próximo dia 15, prazo estipulado pelo próprio Zelaya.
– Se Zelaya não for restituído ao poder, não haverá eleições, não permitiremos ao políticos que cheguem aos nossos bairros para fazer campanha – afirmou Barahona.
Entre as questões já resolvidas estaria a formação de um governo de unidade e reconciliação nacional, que seria fiscalizado por uma comissão formada por representantes da OEA. Em outro ponto acordado, Honduras também restabeleceria relações diplomáticas normais com todos os países e seria esquecida qualquer tentativa de reforma constitucional ou convocação de Assembleia Nacional Constituinte.
Candidato ameaça desistir
Candidato independente à Presidência, Carlos Heyes diz que não participará mais das eleições se Zelaya não voltar ao poder. Heyes, que é partidário de Zelaya, também disse desconfiar das negociações em andamento no país, assim como já havia afirmado o próprio presidente deposto.
Durante entrevista a um programa de televisão, Heyes também fez críticas ao empresariado local que, segundo ele, “se comporta como se não houvesse um golpe de Estado”. Heyes disse ainda que a postura dos empresários contribui para um possível fracasso das negociações.
O presidente golpista, Roberto Micheletti, continua desafiando a pressão mundial para restabelecer no cargo seu antigo aliado e acabar com as restrições à imprensa. Apesar das advertências dos Estados Unidos, da União Europeia e de governos latino-americanos.
– Não temos medo dos EUA nem do Departamento de Estado, nem do Brasil, nem do México, mas temos medo de Zelaya – disse Micheletti a chanceleres e diplomatas que visitaram Honduras na semana passada.
Em meio às críticas da Anistia Internacional sobre abusos de direitos humanos, o governo golpista não cumpriu com a promessa de retirar as restrições aos protestos que eclodem nas ruas.

Jornal do Brasil