Maioria de candidatos à presidência do PT prega continuidade; minoria critica aliança com PMDB e candidatura de Dilma

Embalados pela popularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aprovado, segundo pesquisas, por mais de 80% dos brasileiros, a maioria dos candidatos à presidência do PT (Partido dos Trabalhadores) se mostram dispostos a continuar as políticas implantadas na administração lulista. O primeiro turno das eleições no partido acontece no dia 22 de novembro.
Debate reúne candidatos à presidência do PT em Brasília; a maioria apoia Dilma
A aliança do PT com o PMDB e a decisão de sacrificar candidatos nos Estados para ter mais força nacionalmente são pontos que geram discórdia entre a minoria dos candidatos. Já a candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à presidência da República em 2010 é apoiada por 5 dos 6 candidatos.Nesta quinta-feira (15) à noite, todos os candidatos participaram de um debate no hotel San Marco em Brasília (DF). Foi o primeiro de uma série de debates em 7 capitais do país antes do primeiro turno da eleição.O ex-presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, da chapa Construindo um Novo Brasil, é tido como favorito na sucessão. Dutra é apoiado por Lula e pelo atual presidente do partido, o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). Segundo Dutra, o apoio da direção partidária não desequilibra a disputa."Não é questão de desequilíbrio. Eu não tenho vergonha de falar que eu sou o candidato de continuidade", disse Dutra.Apesar de não serem candidatos da situação, Geraldo Magela, da corrente Movimento, e Iriny Lopes, da Esquerda Socialista, também usaram a palavra "continuidade". Eles declararam apoio ao governo Lula e à política de alianças do partido.José Eduardo Cardoso, da Mensagem ao Partido, concorda com os rumos do governo Lula, mas criticou o sacrifício de candidatos petistas nos Estados para facilitar uma aliança com o PMDB em nível nacional. "Não podemos menosprezar as eleições nos Estados. Quanto mais tivermos força nos Estados, maior a possibilidade de construirmos um governo de Dilma Rousseff", disse Cardoso.Os únicos candidatos a falar em ruptura foram Markus Sokol, da corrente O Trabalho, e Serge Goulart, da Esquerda Marxista. Dutra diz que essa visão é "minoritária" no partido."Hoje, a exceção das candidaturas do Marcos e do Sokol, que eu respeito mas são minoritárias no PT, há um consenso em torno da política de alianças. Inclusive a participação do PMDB", disse Dutra.Sokol, por sua vez, reconheceu o favoritismo de Dutra. "Desde sempre o presidente apoiou as chapas vitoriosas. Ele, como membro do partido, tem o direito de se posicionar publicamente. A dificuldade no PED (Processo de Eleição Direta) é a desproporção gigantesca de recursos que são alocados para uma ou outra chapa", disse.

Piero Locatelli Do UOL NotíciasEm Brasília