Ortografia

Abaixo postamos tanto a capa da revista REALIDADE do mês de julho de 1968 da Editora Abril; quanto, na íntegra, a matéria "ESTE MOÇO COMANDA A AGITAÇÃO Luiz Travassos, presidente da UNE". As digitalizações têm ampliação suficiente às leituras. O texto em questão foi publicado antes da Lei 5.765, de 18 de dezembro de 1971, que suprimiu o acento circunflexo na distinção dos homógrafos, responsável por 70% das divergências ortográficas com Portugal, e os acentos que marcavam a sílaba subtônica nos vocábulos derivados com o sufixo "mente" ou iniciados por "z". A ortografia da reportagem nos parece esquisita porque: ou aprendemos a escrever sob as regras estabelecidas em 1971, ou a elas nos acostumamos. Teremos quatro anos para nos adaptar ao Acordo Ortográfico que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2009. É muito tempo para tão "poucas" mudanças: http://search.folha.com.br/search?site=online&q=reforma+ortogr%E1fica&src=redacao.
A cobertura dada por REALIDADE ao movimento estudantil precede os piores momentos da história recente brasileira — estávamos às vesperas do Ato Institucional nº5 (http://www.unificado.com.br/calendario/12/ai5.htm), com 40 anos completos no mês passado.
Aos seis anos de idade nao havia força física nem ideologia para um confronto com a Ditadura. Em 1978 perdemos um colega que, na "clandestinidade", tocava ao violão e cantarolava Para Não Dizer Que Não Falei De Flores, do Geraldo Vandré. Em 1979 nos confrontamos com a Polícia Militar e as Forças Armadas provocando a interdição da avenida Almirante Barroso. No ano de 1986, em Brasília, nos deparamos com o torturador da colega pernambucana Rosa Medeiros; episódio em que o ex-exilado político na Alemanha Oriental, médico e artista plástico, Ypiranga Filho (também pernambucano) foi as vias de fato com o verdugo incógnito por detrás de um balcão de hotel público — demos uma forcinha ao nosso camarada trotskista. Currículo miúdo: sem formalité, só cachacé.

Postado por Haroldo Baleixe

5/1/09 4:59 PM