A morte pede carona

Quinta-feira, 8 de Janeiro de 2009
Belém do Pará: a expiação suprema do cidadão!
Por um triz não perdemos nossos filhos que saíam de uma pizzaria na Boaventura da Silva, próximo à 9de Janeiro, às 20:30 horas de ontem.
As marcações na foto de satélite do Google (abaixo), feitas a partir das informações dadas por eles ao telefone, mostram o grau de perigo ao qual esses moços foram expostos — todos quatro (dois casais) completando o primeiro ano universitário.
Foram eles testemunhas oculares da parada do automóvel (JUM 0225) do jovem advogado e procurador municipal Marcelo Castelo Branco Iudice (28 anos) feita por um dos assaltantes a uma farmácia às proximidades. Não viram mais porque se abaixaram e rezaram até a sensação de mínima segurança ser “restabelecida” com a presença da ROTAM — Ronda Ostensiva Tática Metropolitana, uma reedição, esperamos que melhorada, do antigo e desatinado PATAM, sem nenhum arcabouço intelectual para combater o crime.
O facínora tentara parar outro carro, que não obedeceu a essa ordem; daí postou-se à frente de Iudice, que trafegava na 9 de Janeiro, depois do cruzamento com a Boaventura. Marcelo rendeu-se ao bandido e desceu do carro, todavia, com um revólver apontado ao peito, foi obrigado a retornar ao veículo, para, em instantes, ser morto — os meninos não viram em que circunstâncias, porque o Polo de Marcelo Iudice é tão peliculado quanto o deles.
O mapa mostra a situação de um veículo em manobra, exatamente onde estavam os garotos: partindo do estacionamento permitido no acostamento da 9 de Janeiro.
Eles escutaram dois tiros e viram um homem correndo passar pela lateral do automóvel (círculo e trajetória verdes), no meio da 9 de Janeiro, tentando parar o primeiro carro (retângulo azul) e, na seqüência, abordando Marcelo (retângulo e trajetória vermelhos). A prudência de aguardar o fechamento do sinal pode lhes ter salvado a vida — caso o vaivém estivesse concluído (retângulo amarelo), seriam eles os abordados pela besta em fuga.
A repetição de acontecimentos funestos em Belém assemelha-se aos bombardeios no Oriente Médio, com um detalhe: nós não possuímos abrigos anti-assalto. Somos todos vulneráveis em qualquer hora do dia, da noite, ou da madrugada.
Em pleno “estado de sítio” às vésperas do Fórum Social Mundial, nossas garantias individuais foram cassadas pela soberania da marginalidade truculenta. Estamos no inferno: vivos ou mortos.
Por um milagre — e sempre tal prodígio será atribuído à Nossa Senhora de Nazaré, por mais agnóstico que sejamos — não perdemos um dos nossos; contudo, há uma família em luto, que não foi beneficiada pela mesma sorte. ESTA É A GRANDE MERDA!
Pela semelhança do sobrenome completo o rapaz seria irmão mais novo de uma ex-aluna de 1988; mas, por cautela, não nos arriscamos citá-la. De todo modo transmitimos nossos pesares aos parentes e amigos do Marcelo — que nos é hoje muito íntimo porque por ele choramos, e muito. Este post foi redigido em incontinência lacrimal!
Providências emergenciais devem ser tomadas como proposições radicais básicas:
1. Se é uma guerra declarada, que todos possamos portar armas em coldres!
2. É crime inafiançável utilizar películas em veículos automotivos: que todos mostrem suas caras: feias ou bonitas!
3. Polícia tem que estar nas ruas 24 horas por dia em revezamento absoluto, dando garantias ao cidadão documentado!
4. A inteligência deve ser a alça de mira da polícia — e que ela esqueça a “merenda” preguiçosa no fechamento dos bares. Esses ficam abertos para que a Cidade tenha uma vida normal em tempo integral!
5. Policiamento efetivo nos cruzamentos das vias — ararinhas multam sorrateiramente, mas não possuem nenhuma autoridade policial! (Nem os agentes da CTBEL, porque caneta não intimida marginal!)
6. Privatização do sistema penitenciário: bandido tem que trabalhar duro para sobreviver, tal qual o cidadão comum!
Pedimos perdão aos leitores pelo ódio que transbordamos.
Mas esta deve “ser a gota d’água”!!!
PS.: Os quatro garotos são colegas de NPI do teu sobrinho e meu querido amigo Geovani Veiga, filho da Margarida.


Por Haroldo Baleixe.