A UFPA enfrentou a pior situação de constrangimento político nesta campanha eleitoral. Nunca os sevidores técnico-administrativo tinham sido diretamente constrangidos por um reitor na história de 24 anos de eleições universitárias. Este constrangimento, inacreditável, exige que em troca de uma boa gestão do atual reitor, que se pague esta "dedicação" elegendo a candidata deste na sucessão da UFPA.
Esta prática anti-republicana se configurou numa clara tentativa de se implantar uma relação entre o patronus e o cliente, ou seja, uma relação de reciprocidade no ato de decidir o voto, como acostuma acontecer numa relação assimétrica, onde o patrono-senhor faz um favor e o beneficiado (cliente) não pode retribuir ao favor recebido e então aliena sua vontade perante o senhor- patrono, como acontecia na Brasil-Colônia, no Brasil-Império e na República Velha.
Os servidores estão respondendo a este ataque à livre decisão do voto, com uma rejeição à candidata chapa branca, jamais vista na história das disputas eleitorais universitárias.
Os professores são desrespeitados e também constrangidos com promessas mirabolantes, como se o reitor, em seis meses que lhe falta para terminar a sua gestão,pudesse fazer obras milionárias, mesmo não as tendo feito em oito anos de seus dois mandatos. E o que é o pior, o reitor faz promessas como se ele próprio, fosse continuar a gerir os destinos de nossa universidade, a partir de 02 de julho de 2009.
Quanto aos estudantes, estes são os seres mais universais e magnânimos de uma universidade, e jamais, nunca, se deixaram pressionar por nenhum gestor, seja em tempos democráticos, seja em períodos autoritários. Quarenta por centos dos estudantes rejeitam veementemente a candidata chapa branca.
Chegou o momento de todos dizerem em alto e bom som: a universidade, suas categorias, não aceitam práticas políticas clientelísticas e nem o uso da prerrogativa de reitor para o constrangimento eleitoral. Não, a universidade deve ser um paradigma de práticas inovadoras, inclusive na ação político-eleitoral. No dia 03 de dezembro é o momento do grito silencioso contra a opressão, contra a coação política, instalada pelas chefias hierárquicas.
É hora de todos se voltarem contra aqueles diretores que "pedem" que os funcionários vistam a camisa da chapa oficial. O voto, a arma da luta política pacífica, a maior invenção civilizatória do ocidente, deverá ser o verdugo dos autoritários, dos constrangedores.
Assim, a dignidade cidadã, a autonomia política do voto, deverá urrar nos ouvidos daqueles que pensam que podem colocar a universidade e sua comunidade em posição vexatória. Neste espaço acadêmico, não se tolera aqueles que acham que podem transplantar práticas políticas condenáveis.
Abaixo a intolerância, abaixo o uso da máquina administrativa, abaixo a coação política. TODA REJEIÇÃO CONTRA AQUELES QUE QUEREM NOS TUTELAR POLITICAMENTE. VIVA A DEMOCRACIA E A LIBERDADE UNIVERSITÁRIA. VIVA A COMUNIDADE ACADÊMICA.