Divisão do Pará: agenda central da política estadual

Discutir a divisão ou não do Pará deve ocupar a agenda central da política paraense nos próximos seis meses. Naturalmente que a população do oeste e do sul e do sudeste do Pará tenderão a ceder aos argumentos de suas elites econômicas e políticas.


O centro deste argumento será de ordem utilitária: a transformação em estado trará de imediato maiores orçamentos e estruturas institucionais na ordem de 15 bilhões de reais para cada novo ente federativo, só na implantação destes.


Não tenhamos dúvidas, as populações do oeste e do sul e do sudeste do Pará apoiarão de forma entusiasmada este projeto. A questão é: as elites políticas do Pará, a partir de uma política de Estado, podem oferecer por dentro deste debate, projetos confiáveis a estas duas regiões, que sejam dotadas de credibilidades aceitáveis?


uma coisa parece clara, há pelo menos dez anos estas regiões não podem ser consideradas como esquecidas, senão vejamos:

Oeste do Pará: criação da UFOPA, desenvolvimentos de projetos minerais em escala na região, retomada do asfaltamento da BR 163, chegada da energia de Tucurui na região, seguro defeso representatativo, Bolsa Família, projeto Luz para Todos, construção de hospital Regional, chegada do curso de Medicina da UEPA em Santarém.

Sul e Sudeste do Pará: Maior Polo Mineral do Pará( Carajás), Companhia Siderúrugica da Vale, Hospital Regional, Polos da UFPA, UEPA e projeto de criação de uma universidade federal, Bolsa Família, Seguro Defeso, Luz para Todos, Eclusas de tucurui com repercussão direta nesta região, Hidrovia Araguaia Tocantins em curso.


É...não se pode dizer que estas regiões estão esquecidas. A questão é: como o Pará pode lutar para manter-se enquanto potência subnacional emergente e freiar interesses particulares das elites econômicas e políticas do oete e do sul e sudeste do Pará?

O Estado de Minas Gerais que tem 853 municípios tem derrotado nos últimos 100 anos dezenas de propostas de redivisão interna.

A discussão da redivisão do Pará deve ser inserida na discussão de um critério universal de discussão sobre o que dividir no Estado brasileiro.


Ahhh... o critério é a capacidade de auto-sustentabilidade de cada mesorregião, então vamos começar a discussão pelo sudeste e sul.


Não, o critério é o tamanho do Estado e o seu relativo esquecimento pelo poder central: então devemos colocar no "bolo" Amazonas, Acre, Rondônia Roraima,Maranhão, Piaui e a maioria dos estados do nordeste.

Quem garante que o surgimento de um novo estado pode significar o crescimento e o desenvolvimento para todos os municípios destas localidades? vejam quais são os municípios mais beneficiados pelo fato do Pará ser estado: 14 a 20 municípios, dentro dos 143 municípios, isto porque estes são dotados de riquezas minereais, elétricas ou polos de serviços como Belém e Ananindeua.


A questão central é: como fazer uma política pública capaz de socializar o crescimento e o desenvolvimento com todos os municípios do Pará? certamente não podemos sair criando novos estados em todas as micro-regiões do estado. Esta é a discussão central.

A criação do estado geralmente beneficia a capital e um ou dois municípios da região metropolitana, é só pensarmos nas condições do baixo IDH de municípios como: Benevides, Marituba, Santa Bárbara, que ficam há meia hora da capital