Tarso diz que reclamações da Vale devem ser endereçadas ao governo do Pará

Folha Online

O ministro Tarso Genro (Justiça) disse hoje que as críticas da Vale à suposta deficiência na segurança da Estrada de Ferro Carajás, em Paraupebas (PA), devem ser endereçadas ao governo do Pará. Segundo ele, o governo federal não pode ser responsabilizado pela invasão da estrada de ferro por um grupo de garimpeiros.
"Se a Vale direcionou [as críticas] para governo federal, está completamente equivocada. Porque a Polícia Federal não atende requisições de empresas privada", disse Tarso.

Segundo ele, as reivindicações da Vale pela ampliação do reforço policial na região devem ser enviadas ao governo do Pará.

A Vale informou nesta quarta-feira que houve tentativa de sabotagem na ocupação de garimpeiros a Estrada de Ferro Carajás, em Paraupebas (PA). A companhia acusou o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) de ter orquestrado a ação, que a Vale classificou como a mais grave invasão em suas propriedades. Esta é a 11ª invasão do MST a propriedades da Vale em 13 meses, segundo a companhia.

O diretor de relações institucionais e sustentabilidade da Vale, Walter Cover, cobrou ainda uma força policial fornecida pelo governo do Pará para impedir a ocupação de garimpeiros nas ferrovias da companhia no Estado. "Não queremos que as desocupações sejam violentas, mas queríamos que a polícia agisse mais rápido. Sempre tivemos no setor jurídico a certeza de que essas invasões eram ilegais, com liminares. Com a polícia, ficamos lançados à própria sorte", disse.

Segundo Cover, a invasão de terça-feira do grupo de garimpeiros mostra que as ações do MST em ferrovias da Vale estão "cada vez mais organizadas e menos improvisadas".

Segundo a Vale, em um trecho de 300 metros de ferrovia, o grupo retirou 1.200 grampos que fixam os trilhos, utilizaram um macaco hidráulico para levantar os trilhos, atearam fogo em pneus e cortaram cabos de fibra ótima que passam pela ferrovia, interrompendo a comunicação por celular. "São atos gravíssimos de sabotagem com logística profissionalizada", afirmou Cover.

MST nega autoria
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) negou autoria sobre a ocupação de parte da Estrada de Ferro Carajás, da Vale, em Parauapebas, no Pará. O grupo afirma, em nota, que o MTM (Movimento dos Trabalhadores na Mineração) comandou a ação, para reivindicar a retirada da Vale de uma área em Serra Pelada (PA) e a criação de um estatuto e de aposentadoria para os garimpeiros da região.

A Vale apontou o MST como responsável pela ação e acusou o grupo de sabotar suas operações.

Embora negue participação no ato, o MST disse apoiar a ação porque "a Vale é a empresa campeã em multas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis)".
"A Vale, infelizmente, continua com sua política de criminalização dos movimentos populares e faz apologia à violência contra todos os setores que denunciam os efeitos nocivos da sua atuação em protestos", diz a nota.