Será que dentro do PSDB paraense emergirão correntes internas com liberdade para fazer política doutrinária e ideológica? em qualquer partido, seja ele totalitário ou democrático as correntes existem de fato, mesmo que estas não sejam admitidas. Mesmo nas ditaduras, como a militar de 1964, existiam correntes políticas, a exemplo dos castelistas e linhas dura.
Nos partidos tradicionais as correntes são notadas através de seus líderes, normalmente, deputados federais, estaduais ou senadores. Creio que o PSDB deveria admitir a existência, institucionalizada de esquerda, centro e direita no seu interior.: seria normal em um debate envolvendo a reforma política ou a reforma previdenciária vermos as diversas correntes partidárias defendendo teses e politizando os debates no interior dos partidos: hoje no Brasil e no Pará, os partidos não tem sido o lócus de debate político. Quando estas correntes não são oficializadas, as divergências políticas e doutrinárias aparecem como divergências pessoais e são despolitizadas.
Nestes partidos, as decisões ocorrem a partir dos chefes políticos, as bases não existem, ou seja, estes partidos são caracterizados como partidos eleitorais ou Catch all ou de notáveis: não passam de máquinas para disputas eleitorais. Este modo de fazer política partidária fragiliza a sociedade democrática, porque esta não se vertebra a partir de instituições políticas. Este contexto partidário abre espaços para aventuras individuais nas macro disputas eleitorais na sociedade, uma vez que os partidos tradicionais só tem cabeça mas não tem corpo e nem perna.
Gostaria muito de ver PSDB, PMDB, PTB, PR, PTB e outros partidos tradicionais fazendo política nas universidades, nas escolas secundaristas, nos locais de trabalho e moradias, nos movimentos culturais, nos movimentos de mulheres e de homossexuais e assim por diante. Claro, uma reforma política poderia induzir este comportamento, se tivéssemos voto em lista fechada, financiamento público de campanha e a obrigatoriedade dos partidos escolherem suas listas a partir de prévias eleitorais fiscalizadas pela justiça eleitoral. Seria a transformação dos partidos de notáveis em partidos de massas, a exemplo do PT.
Mas enquanto esta bendita reforma política não sai, por que os partidos não resolvem se voltar para a partidarização da sociedade?
Quando falo em partidarização da sociedade estou me referindo à implantação social dos partidos políticos, não espero que os partidos consigam responder à todas as complexas demandas sociais. Afinal, desde a déca de 70 de século XX que convivemos com a expansão do terceiro setor, que vieram para ficar, o problema é que estamos assistindo à uma contração sistêmica da ação partidária na sociedade e a emergência do controle oligárquico das organizações partidárias de forma aguda, muito mais deletéria do que previu Robert Michel.