O Pará: quem pode mudá-lo?

Antes de mais nada devo pedir desculpas aos leitores do "Bilhetim" às minhas assistemáticas postagens deste mês, é que minha mãe está em estado de saúde muito grave, com baixíssima possibilidade de reversão de seu quadro de saúde. Minha mãe está internada desde o dia 03 de janeiro, fazendo o circuito entre a UTI e o apartamento do Hospital Amazônia. Mas...voltemos ao tema central proposto nesta postagem.


Pará: quem pode mudá-lo?

Quem pode mudá-lo será aquele agrupamento que mais se aproximar dos seguintes pressupostos:

1- Ter uma elite política, ou no mínimo, um grupo de de políticos que combinem forte experiência de gestão, seja advinda do mundo público ou privado, que tenha inserção, moderada ou forte com uma elite intelectual acadêmica republicana ou minimamente não subserviente a projetos de conteúdo patrimonialista e, que desta articulação entre teoria e prática possa nascer a construção e implementação de um projeto infra-estrutural que venha inserir a economia do Pará no Brasil e no mundo.

2- Que tenha um governo no executivo que não permita que os recursos da saúde, educação, segurança e assistência social sejam desviados para os bolsos privados.

3- Que este governo, no executivo, seja capaz de produzir um plano bi-decenal e que venha a ter o apoio da ALEPA para aprová-lo como projeto estratégico do Pará, como política de Estado. Este projeto seria executado por 5 governos consecutivos e seria dirigido basicamente para: Infra-estrutura industral, infra-estrutura sócio-ambiental e infra-estrutura científica e tecnológica.

4- Um governo transparente na execução das políticas públicas.

5- Um governo que produziria um desenho institucional para que a sociedade viesse a controlar a implementação das políticas públicas, como método de prevenção das diversas modalidades de corrupção, inclusive a corrupção invisível, que é aquela cometida pelo segundo e terceiro escalões dos governos em conluio com as prestadoras de serviços públicos.

6- Um projeto, exclusivo, a partir de tecnologias de gestão, para enfrentar a questão de oferta de serviços públicos na "ponta", ou seja, na relação serviços-cidadão.

Definitivamente, uma certeza eu tenho...Os partidos e seus quadros, tão somente, da esquerda, estão aquém desta tarefa histórica para o Pará, principalmente o PT, que tem horror a interagir de forma não tutelar com as academias e com os intelectuais sem partido. E com isso deixa não só a gestão do partido, como a gestão de governos nas mãos de sindicalistas e de seus cabos eleitorais, antigamente agrupados como tendências. Diria sem medo de errar...No Pará o PT se transformou em instrumento de ascensão social de seus militantes oriundos das camadas mais pobres da sociedade, ou de funções públicas e privadas de baixa remuneração. Neste contexto, não há como fazer polítca republicana.

Não creio que 100% do PT seja assim, mas 90% assim o são. Creio que os 10 % poderiam interagir com partidos do centro democrático. O PT do Pará sempre teve horror de interagir organicamente com intelectuais sem partido e, esta é provavelmente a causa e a consequência de seu isolamento frente aos acadêmicos que não admitem tutela política.

Portanto, os melhores quadros acadêmicos e de gestão estão, hoje, menos sob influência do PT no Pará e mais sob influência do projeto que está em gestão nos ventres tucanos. E parece que Jatene tem muito claro estes objetivos. Isolará a esquerda a partir de um projeto de médio-longo alcance, pela aglutinação, sem medo dos intelectuais sem partido. Isto é fato não é tergiversação.

Em síntese, a esquerda comandada pelo PT no Pará, perdeu a capacidade de inciativa política, a partir de projetos estratégicos, como ensinadas pela teoria gramscista de luta pela conquista de hegemonía ético-moral e cultural. Pareço padre pregando em prostíbulo? Mas acreditar nessas possibilidades históricas, é a base da utopia política. E eu continuo vivendo o sonho da transformação equitativa da sociedade.