A experiência internacional européia dos partidos sociais democratas e trabalhistas no poder experimentou um caminho análogo. Todos os partidos transformaram-se progressivamente de partidos de massas em partidos de mobilização eleitoral. A luta pela transformação social se transmutou em luta pelo controle de parcela do poder de Estado, ou seja, governos e parlamentos.
O "envelhecimento" destes atores partidários redundou no cochilo frente à emergência de uma nova agenda pública, a partir da década de 1970, temas como: questões ambientais globais e locais, direitos humanos, liberdade de opção sexual, questões culturais, artísticas, ética na política, etc. Esta agenda passou "desapercebida" pelos partidos da esquerda tradicional.
Ancorados nesta nova agenda pública, não captadas pelos partidos, emergiu organizações da sociedade civil que canalizaram toda esta nova agenda sócio-ambiental- cultual, fazendo emergir o poderoso movimento do terceiro setor, que ao ganharem musculatura, testemunharam a mudança do papel dos partidos políticos para uma dimensão meramente relacionada à institucionalidade estatal.
No Brasil o PT conheceu a conquista de governos estaduais e federal e experimentou a mais fantástica alteração objetiva em sua forma de ver o mundo, na política e nas relações com o aparelho de Estado. Num curto espaço de tempo, de 15 anos, o PT trocou a negação total de alianças com partidos de centro e chegou a se aliar até com partidos da direita ideológica. As alianças pontuais dentro do congresso é compreensível, dado a alta taxa de frgamentação partidária no congresso. Mas transformar estas alianças dentro do parlamento em coligações eleitorais sem base programática, é puro oprtunismo político.
O PT vem se estatizando a passos largos, os movimentos sociais influenciados pelo PT, perderam seus principais quadros, que viraram parlamentares, assessores ou governantes. Enquanto isso, estes mesmos movimentos sociais, dirigidos por líderes poucos experimentados e despreparados foram progressivamente manietados pela direção política emanados dos governos.
O debate entre meios e fins ou entre filosofia e política foi esquecido. A adesão completa à institucionalidade do sistema eleitoral e partidário foi total. Em nome de conquistar governos e parlamentos adentrou-se no tortuoso caminho do financiamento de campanhas. Para não depender do empresariado, muitos governantes e parlamentares foram flagrados produzindo o famoso caixa 2. Muitos líderes renomados foram fulminados em escândalos públicos.
As lideranças partidárias cometem, a cada dia, pecados mortais contra a marca PT. Até com "inimigos" históricos e recentes aparecem abraçados no palanque eletrônico (TV), a exemplo do que ocorreu com Almir Gabriel no Pará, ou com Collor em Alagoas.
Assim o PT caiu no pragmatismo mais deslavado, abandonou seu compromisso histórico com uma ética republicana e se comporta eleitoralmente como os partidos tradicionais, pagando formiguinhas, bandeirolas e boca de urna.
Tenho dito.