Eleições 2010: Ana e Almir- sucesso e fracasso de uma estratégia de comunicação política

Não tenho dúvida em afirmar: o governo Ana tem mais obras, serviços e poder sobre o governo federal de Lula do que teve Almir Gabriel, em seu primeiro governo entre 1994/98 no Pará. Por que Almir trinfou e Ana Júlia patina na rejeição?

Minha hipótese, que poderá ser enfrentada por uma pesquisa científica é a seguinte : o governo Almir Gabriel, através de uma eficiente comunicação política capitalizou as obras e serviços federais no Pará (FHC) como se fosse suas e conseguiu vencer a super candidatura Jáder Barbalho na sucessão de 1998.

A questão é simples:
Almir Gabriel só conseguiu iniciar os investimentos pesados, em obras e serviços de seu primeiro governo após os primeiros 24 meses de governo.

Por que?
Porque Almir recebeu o Estado com o funcionalismo com 90 dias de salários atrasados e com a folha de pagamentos comprimindo mais de 80% da receita estadual. Enfim, Almir Gabriel passou dois anos saneando o Estado, enfrentando a reação do funcionalismo com as 30 mil demissões executadas dentre os funcionários temporários e assim por diante.

A final dos primeiros 48 meses do governo Almir Gabriel, nenhuma obra, física ou social, de impacto, tinha sido concluída. Lembro que o candidato Jáder denominava o governo Almir Gabriel, de a turma da propaganda, e comparava suas obras no Estado contra nenhuma obra do governo Almir.
Porém o governo Almir, através de uma eficiente comunicação política capitalizou todas as obras federais no Estado (as obras de FHC) como se fosse suas. A trama oeste por exemplo, ou seja, extensão da energia de Tucuri para o oeste do Pará, foi totalmente capitalizada pelo governo Almir e assim por diante.

E o governo Ana Júlia?
Em primeiro lugar, Ana Júlia recebeu o governo enxuto orçamentariamente, e por isso, o governo Ana Júlia tem pelo menos, mais de duas dezenas de obras sociais e físicas executadas e concluídas, como: o Bolsa Trabalho com resultados concretos, a implantação e execução do Navega Pará, o viaduto Daniel Berg na Júlio César, a construção em fase de inauguração do prolongamento da avenida Independência, o funcionamento efetivo dos 5 hospitais regionais, a melhoria efetiva da infra-estrutura das polícias civis e militares, realização de concursos públicos e posse de milhares de funcionários civis e militares concursados, e assim por diante.

Então Por que a maioria da população acha que Ana não fez nada e não gosta da governadora?
Por dois motivos centrais:

1- Os escândalos de repercussão nacional (Abaetetuba, namorado, cabeleleira, Kit escolar e AGE) cairam no colo da governadora e do governo. O governo não montou uma competente e eficaz defesa da governadora perante a opinião pública e cristalizou-se uma imagem super negativa da governadora na opinião pública.

2- As obras do governo federal no Estado foram acontencendo nos últimos 45 meses e o governo não executou um plano de marketing para capitalizar estas obras. Lembro que a governadora foi fundamental para a construção da UFOPA em Santarém, porém a UFOPA foi anunciada e passou desapercebida pela comunicação política do governo Ana. A UFOPA é a obra mais importante do governo Ana neste Estado, e hoje é Flexa e alguns deputados federais que se dizem os pais da criança. Em síntese, as obras tem de ser capitalizadas desde o seu início, meio e no momento de sua inauguração.

Hoje o governo tenta fazer em 45 dias, o que não fez (em termos de comunicação política) em 45 meses de governo. Parece, perante ao eleitorado, mais propaganda eleitoreira do que algo que de fato aconteceu.

Lembro de uma célebre frase de um famoso marqueteiro: " governo com obra e sem marketing e governo sem obra e com marketing tem o mesmo resultado: a derrota".

Eis os motivos da rejeição do governo Ana Júlia.