Agressão no Pará não vai atrapalhar discussão sobre Belo Monte, avalia Eletrobrás

A agressão a um engenheiro da Eletrobrás no município de Altamira, no Pará, ocorrida na terça-feira (20), foi classificada como um caso pontual pelo diretor de tecnologia da empresa, Ubirajara Rocha Meira. Segundo ele, o episódio não irá atrapalhar a discussão sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). De acordo com o diretor, a Eletrobrás “lamenta veementemente” o ocorrido e está tomando todas as providências para identificar e punir os culpados.

“A Eletrobrás espera que haja bom senso por parte de todos e que entendam que a empresa, mais que ninguém, está preocupada com o meio ambiente”, disse Meira, que participa, em Foz do Iguaçu (PR), do Fórum Global de Energias Renováveis.

O diretor brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, minimizou o episódio. “Os excessos sempre são ruins, mas sempre ocorreram, não podemos achar que isso é o fim do mundo”, avaliou. Para ele, as hidrelétricas são fundamentais para possibilitar o crescimento do país, mas devem ser construídas procurando respeitar o meio ambiente.

O engenheiro Paulo Fernando Rezende, coordenador dos estudos de Belo Monte, foi ferido com um golpe de facão no braço por índios da etnia Caiapó, durante um evento em Altamira que discutia a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, um dos principais projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Índios divulgam documento contra as barragens

Representantes dos 24 povos indígenas da bacia do Xingu foram recebidos na Justiça Federal de Altamira nesta quarta-feira (21/05) pelo juiz federal Antonio Carlos Campelo. “A Justiça Federal considera os povos indígenas como irmãos e compreendemos os anseios de vocês, porque a Constituição garantiu seus direitos e isso não pode ser ignorado”, disse o juiz ao recepcioná-los. O encontro foi acompanhado pelos procuradores da República Felício Pontes Jr e Marco Antonio de Almeida e fazia parte da agenda do Encontro Xingu Vivo para Sempre, promovido por organizações não governamentais, movimentos sociais e pelos próprios índios.

As lideranças se revezaram falando ora em sua própria língua, ora em português, mas pedindo unanimemente para que o rio Xingu não sofra barramento em nenhum ponto. “Não somos contra o desenvolvimento do país, somos contra projetos que vão dar lucro apenas para algumas empresas, alguns empresários e deixar índios e ribeirinhos na miséria. Isso está errado e contamos com a justiça do nosso país para não deixar violar os direitos indígenas, como brasileiros que somos”, resumiu Gercinaldo Sateré-Maué, coordenador da Confederação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

Os indígenas entregaram um documento ao juiz, que se comprometeu a encaminhá-lo ao Presidente da República, ao Vice-presidente da República, ao Presidente do Congresso Nacional e à Presidência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Os índios também presentearam ao juiz uma borduna - espécie de porrete feito artesanalmente. “É uma grande satisfação conhecê-los, vocês são pessoas gentis e muito inteligentes, são brasileiros que todos os brasileiros deveriam conhecer”, despediu-se Campelo.

Inquérito

O Ministério Público Federal acompanha o inquérito, instaurado a pedido do procurador Marco Antonio Almeida, em que se apura o incidente da terça (20), quando o engenheiro da Eletrobrás Paulo Fernando Rezende, foi ferido depois de uma confusão com índios de várias aldeias. O inquérito tem prazo de 30 dias para ser concluído e deve ser acompanhado por antropólogos.

Fonte: Pará Negócios (com informações da Agência Brasil e da Assessoria de Comunicação da Procuradoria da República no Pará)