O médico Chiapetta acaba de ser preso sob acusação da prática do aborto. 300 mil mulheres pobres morrem por ano de infecção causada pela realização de aborto por pessoas leigas no assunto. As mulheres de classe A e B normalmente fazem em clínicas clandestinas especializadas. Chiapetta deve ser médico das classes médias.
Enquanto a questão do aborto for tratada a partir de uma base puramente dogmática, as mulheres pobres não terão um aparato público capaz de socorrê-las.
Creio que ninguém em sã consciência defende o aborto como um método contracepitivo. Mas o aborto indesejado é um fato em todas as classes sociais, e é pleno de fatalidade, dentre as mais pobres. Esta questão deve ser tratado no mesmo patamar em que se discute o problema da infecção pela AIDS, como um problema de saúde pública, neste sentido, políticas de educação preventiva ajuda mais, do que tratar o problema como um caso de polícia.
Até na cidade do Papa, Roma, este tema não é tratado mais como caso de polícia. Até quando viveremos esta hipocrisia fundada em dogmas religiosos? Até quando trataremos as mortes por aborto mal feito em milhares de mulheres pobres como se fosse algo trivial?