2010: Ana e o governismo municipal

Vítor Nunes Leal em "Coronelismo, Enxada e Voto" nos fala do governismo municipal, seria a ausência de autonomia orçamentária municipal que transformava o prefeito em um governista por excelência aos tempos da República Velha.

Este é um diagnóstico estrutural da política municipal. É verdade que a constituição de 1988 melhorou a arrecadação municpal como:IPTU, FPM, ISS e ITBI. Mas é verdade também que houve um imenso êxodo do campo em relação as cidades do interior e com isso o recurso é sempre escasso para saneamento, habitação, construção de escolas e postos de saúde, hospitais etc.

Nesta equação as verbas de FPM só dá para pagar o pessoal e manter a máquina municipal funcionando (verbas de custeios), as verbas do SUS e FUNDEB são carimbadas, ou seja, o prefeito não pode remaneja-las.

Em síntese, pouco mudou em 90% dos municípios do norte e nordeste do Brasil, daquela realidade descrita por Nunes Leal em seu clássico livro.

Ou seja, os prefeitos são governistas porque não existe outra possibilidade de acessar recursos estaduais e federais. Ou se adere ao governo de plantão, ou vai morrer eleitoralmente. E este é o segredo para que Ana Júlia avance sobre o eleitorado municipal. Em qualquer pesquisa de opinião a população quer que o prefeito e deputados estaduais tenham bom relacionamento com o governo estadual e federal.

De posse destas informações estruturais se constroem as estratégias de porkbarrel. Nenhum prefeito tucano do interior está fechado a uma boa cantada do governo estadual, pois 90% deles amargam rejeiçãoa cima de 50%, pois nada de importante tem construido nestes municípios.