O Prof.Manoel Alves inaugura debates sobre eleições municipais no Tiquin

Jogo eleitoral está apenas no começo

* Manoel Alves da Silva

Em 2008 participaremos da sétima eleição para prefeito em Belém, considerando como marco de análise o processo de democratização iniciado em 1985, quando os direitos políticos dos eleitores que moravam nas capitais e áreas de segurança nacional são reinstituídos. As eleições de 2008 se darão num quadro político no qual o PT se encontra no comando dos poderes estadual e federal. Esse fato causará algum impacto no resultado das eleições? O partido do presidente Lula e da governadora do Estado disponibiliza a candidatura do ex-deputado Mário Cardoso, contudo este apresenta pouca competitividade eleitoral, ou seja, o PT terá muitas dificuldades de participar do segundo turno.
Em recente reunião o presidente Lula condicionou a participação dele no primeiro turno à existência de candidato único dos partidos aliados. Isso torna sua participação pouco provável, uma vez que o governo dispõe de uma base de apoio composta de 12 partidos. O presidente Lula virá a Belém no segundo turno, desde que a disputa não se de entre os candidatos aliados: PTB, PMDB, PT. Mas, caso a disputa seja entre Duciomar Costa e Valéria Pires Franco, o presidente Lula viria para o palanque do atual prefeito Duciomar Costa, posto que ele é do PTB, e outro seria de partido de oposição, no caso os DEMO/TUCANOS.
A governadora e o PT acompanharão o presidente Lula apoiando o atual prefeito de Belém? E o PMDB seu destino em Belém está relacionado às eleições em Ananindeua? Um eventual segundo turno entre o PMDB e os tucanos, no município vizinho influenciará as alianças em Belém? Existe a possibilidade de um apoio do PMDB ao prefeito Duciomar em troca do apoio deste ao candidato do PMDB em Ananindeua? O PMDB tem algum interesse em apoiar em Belém o retorno do consórcio DEMO/TUCANO.
E o PMDB? Nas últimas eleições - governo do Estado- concorreu como coadjuvante, usando a tática de marcar posição no primeiro para negociar no segundo turno, quando entrou em cena seu articulador profissional, Jader Barbalho, o deputado federal mais votado nas últimas eleições. Alguns atribuem a ele a vitória da governadora. A aceitabilidade desta assertiva implica em se aceitar que não foram as qualidades, nem os méritos da candidata eleita, nem de seu partido (PT) que determinaram à eleição de Ana Júlia, embora tenham (o partido e a então candidata) passado vinte anos pregando ética na política. Mas foi a astúcia de um político pragmático que teria garantido a vitória petista.
E os demais partidos? O DEM apresenta como candidata ao governo municipal: Valéria Pires Franco. O PSDB não elegeu o prefeito da capital, mesmo durante os doze anos em que esteve à frente do governo do Estado. E agora? Apresenta-se em aliança com os DEMOCRATAS, partido do deputado Vic Pires, marido da candidata.
Como disse anteriormente, o jogo está só começando e a prudência é a melhor opção, pois quem decide o jogo é o eleitor.


1 Sociólogo, Professor e Doutor– NAEA/UFPA.